A América Latina vive um momento em que a inflação continua a impactar o poder de compra, mas os consumidores latinos já têm estratégias incorporadas para lidar com as pressões e manter o consumo de FMCG. Mesmo que comecemos a ver uma desaceleração da inflação em relação a 2022, ela só deve retornar a níveis abaixo de 10% regionalmente a partir de 2024.
A fragmentação foi o caminho escolhido: compras menores, mais frequentes e com mais experimentação permitem que as famílias mantenham o consumo, mesmo que isso signifique investir mais tempo e dinheiro na cesta FMCG, face a outras despesas. Uma consequência imediata dessa fragmentação é a omnicanalidade e, do ponto de vista do shopper, os principais canais de compra desempenham papéis diferentes – principalmente aqueles de maior crescimento e que hoje oferecem às marcas um espaço fundamental para atingir mais consumidores e ocasiões.
Ao comparar o consumo de FMCG no Brasil e no México, como referência para a América Latina, com a média global, a resiliência permite manter o patamar a que o comprador latino está acostumado. Mesmo com a inflação bem acima de outras regiões, a cesta cresce em valor acima da inflação (17%) e tem desempenho positivo em volume (5%), enquanto globalmente não há crescimento real em valor (5%) e há contração em volume (-3%).
A perda do poder de compra do comprador latino
Graças aos aumentos de preços de FMCG, o consumidor latino hoje deveria estar levando 75% do que comprava há dois anos, mas conseguiu manter o nível de consumo em 99%. Nos últimos meses, o comportamento geral entre as famílias latino-americanas foi fragmentar as ocasiões para limitar o ticket, buscar mais canais com melhor atratividade e reduzir um pouco o volume de cada categoria para manter o número de categorias compradas.
Ao buscar manter o volume adquirido, os FMCG tornaram-se mais relevantes no total de gastos das famílias. Enquanto 31% do orçamento doméstico na América Latina foi direcionado para a cesta de bens de consumo em 2021, hoje são 38%.
Assim, os compradores latinos estavam dispostos a gastar mais tempo procurando canais que melhor atendessem às suas necessidades e valorizassem o dinheiro. O número de ocasiões de compra por dia cresce 8M vs. em 2021. Este aumento do tempo dedicado aos FMCG gerou muito mais fragmentação e experimentação por vezes, o que se traduz numa menor fidelização – tanto aos canais como às marcas.
As marcas precisam encontrar seus compradores em diferentes canais e momentos de consumo, cuidando do seu posicionamento em canais já consolidados, considerando formato, marca e preço. Procure nossos especialistas para entender como enfrentar esse momento de maior complexidade.