Os consumidores da América Latina estão adotando dois comportamentos: reduzir o volume de compra e mudar de canais
Globalmente estamos passando por um período de instabilidade financeira, mas nem todas as regiões do mundo têm a mesma reação interna. Nas economias avançadas, estima-se que 50% da inflação tenha sido impulsionada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Na América Latina, onde a pressão de preços está crescendo, 20% está associado a esse fator. Isso também significa menos poder aquisitivo para as famílias dessa região: 100 dólares hoje compram 20% menos FMCG do que há dois anos.
É notório que a América Latina tem alto desemprego, informalidade e, diferentemente da Europa ou dos EUA, a grande maioria dos consumidores não acumulou reservas durante o período de isolamento que poderiam ajudá-los a enfrentar a escalada de preços agora.
Em tempos de crise, a cesta de FMCG torna-se uma parte importante dos gastos das famílias. Esta tendência é ainda mais acentuada neste contexto.
Com isso, é natural que os consumidores busquem racionalizar seus gastos, a partir de uma priorização de cestas e, sobretudo, da escolha de canais.
Mudança nos hábitos de consumo
Embora todo mundo racionalize, em cada ritmo econômico da região, observam-se hábitos mais ou menos intensificados. Como é o caso do tamanho do carrinho de compra, que é reduzido na mesma proporção em que uma economia sofre. Também a mudança de canais, que se observa na maior parte da América Latina. Veja o exemplo do México, que tem uma situação melhor da economia, onde 60% dos lares se dizem mais cautelosos, sem fazer compras não planejadas. E os brasileiros e colombianos, que têm um ambiente de mais pressão, dizem que buscam mais promoções e fazem mais mudanças de marca.
Com relação ao aumento do perfil omnichannel, em média os latino-americanos adicionaram 1 canal ao seu mix versus o pré-pandemia, o que torna seus gastos fragmentados. Cada visita é mais importante, pois ocorre com menos frequência e custa menos. Dois tipos de canais se beneficiam, em primeiro lugar, aqueles em que são feitas compras maiores ou de abastecimento – que oferecem um amplo sortimento e melhores preços.
Depois aqueles que são para aquisições de necessidades específicas, como Farmácias, Lojas de Conveniência, Especializadas e Online. Eles representam um crescimento de 15% nas compras na América Latina. Isso porque esses pontos de venda agregam mais visitas, impulsionados por novas categorias que não são as básicas.
Com esses novos comportamentos, a compra fica mais fragmentada entre os pontos de venda. Por isso, é fundamental que a indústria e o varejo entendam esta dinâmica e se posicionem bem em cada um dos formatos de produto e tipo de compra realizada.