Crise do cacau ainda não impacta consumo de chocolates no Brasil

Chocolate permanece nas compras dentro do lar, mesmo com aumento de preço causado pela crise do cacau
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consumo de chocolate
No final de 2023, o cacau era uma das quatro principais commodities que ainda eram negociadas abaixo dos picos estabelecidos na década de 1970, mas recentemente, isso mudou.

Neste ano, o cacau vem renovando suas máximas históricas devido à escassez de oferta – o que se deve a colheitas mais fracas nos dois principais países produtores: Costa do Marfim e Gana. Como consequência, nos Estados Unidos, a tonelada da commodity atingiu, em abril, a marca recorde de US$ 11,4 mil.

A partir desse cenário, a Organização Internacional do Cacau (ICCO) prevê que a oferta global da commodity deverá cair mais de 10% no atual período. O instituto também projeta um déficit recorde de 400 mil toneladas para este ano. 

Consumo de chocolates no Brasil
A crise do cacau, no entanto, ainda não foi sentida pelos brasileiros – embora já terem sido notadas pequenas movimentações no consumo de chocolates no Brasil. Dentro de casa, por exemplo, o consumidor segue priorizando os chocolates, enquanto fora do lar compartilha a categoria. 

Mesmo atingindo o maior patamar de preço em 18 meses dentro do lar, com repasse chegando a ser 18% superior, a penetração mantém-se estável. No entanto, o volume cresce 16%, com destaque para segmentos indulgentes como Candy Bar e Confeitos que crescem 23% e 33,5%, respectivamente.

O consumo de chocolates no Brasil dentro do lar é impulsionado pelo volume por viagem e pela frequência de compra, que crescem 8% cada. Aqui, as mulheres maduras e os consumidores da classe C formam o principal shopper.

Ao olhar para o consumo fora do lar, contudo, é possível ver que os chocolates caem 9p.p. em penetração, impactados pela mudança do brasileiro para outras categorias, como sorvetes e biscoitos. Quem ainda mantém o produto na cesta são os jovens e as classes A e B.

Ovos de Páscoa 2025: indústria de chocolates no Brasil precisa se reinventar

Ainda que não tenha impactado as escolhas do consumidor de forma massiva, o alto preço da commodity já traz possíveis riscos para a próxima Páscoa.

Isso acontece porque o produto mais tradicional da sazonalidade, os ovos de chocolate, são fabricados inteiramente em chocolate. Para minimizar o repasse de preço para o consumidor, as empresas vão ter de pensar em alternativas que diminuam o uso do cacau, a exemplo dos waffles e dos bombons.

É válido destacar que, neste ano, o brasileiro voltou a comprar mais na Páscoa. Prova disso é que a sazonalidade  cresceu 15% em 2024 na comparação ao ano anterior.

O crescimento vem, principalmente, de formatos regulares, já que o brasileiro vem atento aos preços mais elevados dos ovos de páscoa. Entre eles, destacaram-se as caixas (45% do volume na sazonalidade) e as barras (22,5%). Os típicos ovos de chocolate, por sua vez, corresponderam a apenas 13% do volume de mercado.

É válido destacar também que, durante a pandemia de COVID-19, o
crescimento específico dos ovos de chocolate foi pautado, sobretudo,
pelo produto artesanal. Neste ano, porém, a categoria passou a ter
como driver os ovos industrializados (aumento de 17% na
comparação com 2023).

Ovos de Páscoa são substituídos por barras de chocolate 
A diversificação na escolha de produtos criou oportunidades para fabricantes tradicionais. Nestlé (incluindo Garoto), Neugebauer e Peccin aproveitaram a sazonalidade para vender mais itens regulares, como barras, tabletes e waffles cobertos ou recheados (alta de 17% em relação à 2023). 

As chocolaterias no Brasil, no entanto, vêm cada vez mais se destacando na sazonalidade e já correspondem a quase 30% do volume de vendas – movimento puxado especialmente pela Cacau Show (13%). O crescimento se deve, principalmente, aos preços, uma vez que os valores médios cobrados por esses estabelecimentos estão em linha aos praticados por marcas de varejo.

Em 2023, abril concentrou cerca de 20% do volume de vendas de chocolate do ano todo e entre todos os players do mercado. Para as chocolaterias, porém, o percentual ultrapassou 30%. A expectativa é que o comportamento se repita neste ano. 

O consumo de chocolates no Brasil está à beira de uma mudança e acompanhar as tendências é fundamental para estar atento às oportunidades do setor. Faça download do material e fale com os nossos especialistas para entender como a Kantar pode te auxiliar nesse processo.
  
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